quarta-feira, 5 de novembro de 2008

dança do tempo.

a semana tem passado voando. na mesma velocidade os sábados e domingos. saio do banho e, num piscar de olhos, meus cabelos já estão secos. o ar anda quente e os dias abafam a dor. não há mais tempo para sofrer. "que bom" - um suspiro de alívio, daqueles que enchem o peito de oxigênio. pulo os degraus dos ponteiros do relógio para não tropeçar nas horas. já disse, não há mais tempo. fujo da rotina intoxicante do consumismo, mas não há como fugir do tempo. durma o quanto quiser, o quanto tiver sono mas, em algum momento, seu corpo começará a doer de tanto ficar deitado. ou o sol vai se atrever a passar por alguma brecha minúscula e vai socar sua cara, dizendo: 'bom dia, peguei você, não adianta se esconder'. não pense que você é ruim por não conseguir. se te consola, ninguém consegue. e, para mim, não importa como você esmaga o tique-taque do relógio dentro de si, e sim o que você faz para conviver com ele. fiz do meu uma batida de dança. cada dia invento um ritmo novo e danço minha dança já não tão desenvolta como antes. mas, e daí? não ligo para os olhos estranhos que me perseguem. construi um muro que me protege de todo o mal e quando eu me sinto mal, é para lá que vou. sento-me do seu lado e choro minhas dores. lá renovo minhas forças e me sinto pronta pra outra. é como dar corda no relógio interno dos corações de cada um. tem gente que jura de pé junto alimentar seus ponteiros, mas eu vejo a poeira em cima deles e não escuto seu remexer. treinei meus ouvidos para sua música e agora não desafino mais.

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Sempre temos estratagemas para driblar as dores da vida. E o tempo está passando feroz, machucando a gente. E lembro que nem sempre ele foi assim. E um dia quero aprender a fugir do consumismo, Sperb (Ensina-me, depois).

Um carinho.
Continuemos...