sexta-feira, 19 de setembro de 2008

tatuagem.


possuo em meu corpo verbos, substantivos, adjetivos... palavras tatuadas para jamais serem esquecidas. enquanto você pensa em algo pra dizer, eu mostro minha pele rabiscada. já não tenho o quê esconder. sinto-me nua e crua para o mundo. mas, não tenho medo de enfrentá-lo. gosto da sensação de me sentir perdida às vezes... e não me incomodo com o fato de saber o que será do amanhã. não importa. carrego comigo todas as palavras cabíveis. nada fugirá do meu vocabulário blasé. sinto as letras cortando meu corpo quando pronunciadas. deixo arder cada sílaba, arrebatando-me para o sentimento a mil. sou assim, a flor da pele. tudo que falo, sinto. deixo que minhas entranhas escapem em cada verbo conjugado. e deixo parte do coração nos adjetivos referidos. clichê. mas nunca quis ser diferente. é assim que meu peito dispara e quase salta pela boca. é assim que me sinto viva. aquela adrenalina que corre nas veias não faz sentido sem minhas palavras no corpo. quero que seja sempre assim. mesmo que o sempre jamais exista. aliás, sempre é um termo que me toca a pele. não deixo que nada me escape. nem mesmo a morte, a dor, o choro. tenho meus pés tão firmes no chão a ponto de ter certeza que amargura não é o caos do mundo. tudo que é intenso demais causa dor. mas, não sei ser pela metade. e se tem uma palavra que eu não gosto é metade. meio. essa não escrevo em meu corpo nem por decreto. metade do caminho não é lugar algum. e meio amor não é amor. nem ódio. é algo morno, sem cores definidas, sem formas. sem nada. meio é feio. e para isso, basta mudar uma letra. quero o espaço do meio ocupado por palavras inteiras. pois o que é inteiro, é completo... e para ser intenso, basta um verbo. enquanto você busca as letras na ponta da língua, possuo-as em minhas mãos. não tenho o poder de dominá-las. jamais. mas possuo a sorte de sentir.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

sufoco.



deixei as botas de canto. quero sentir o chão sob meus pés.
ando precisando de ar.
ou de alguém que tire-o de vez...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

LEIA SEM MODERAÇÃO...


ele entrou distraído. abriu a porta, passou reto pela sala e foi direto ao quarto. estava suado, camiseta molhada, grudada em seu corpo que já não é tão definido como antigamente. mas sempre foi um homem atraente. ela também não havia notado sua presença na casa. estava com uma camisa que provavelmente era dele, calcinha, cabelos presos desajustadamente, brigadeiro nos dedos e um romance na tv. quando ele estava indo ao banheiro, sem camisa, só de cueca e toalha nos ombros que ele a viu. ela estava delicadamente linda, devorando a tigela e chupando os dedos sujos de chocolate. resolveu parar no corredor e a observar. há tempos não a via tão bonita. ela começou a sentir a presença de alguém na casa. olhou para trás e lá estava ele. ficou sem graça, se ajeitou no sofá e sorriu. ele não teve reação alguma. estava encantando por aquela mulher. sentiu-se envolvido pela bela silhueta e pela naturalidade que a rodeava. ela parecia não se importar com a presença de um homem de cueca na sua sala, nem com o seu traje nada comportado. ela se levantou e foi em sua direção. ele continuou parado, com o olhar fixo naquele corpo sexy. com toda espontaneidade, ela parou em sua frente e perguntou - você quer brigadeiro? está uma delícia... ela sujou os dedos com o chocolate e deu para ele. olhou bem em seus olhos e aproximou a mão da boca dele. mãos e bocas se encontram. ela tem um jeito sexy de olhar. o envolve devagar e o beija. um beijo intenso, sedutor. mãos escorregam, deslizam por corpos estranhos. o jeito como ela o toca vai enlouquecendo seus sentidos. ela se arrepia; se deixa arrepiar... ele a encosta na parede. segura suas pernas a passeia pela sua pele branquinha. beijos se espalham pelo pescoço, seios e ombros. luxúria. tesão. desejo. dois em um. clichê. um ritmo. um movimento. quadris. olhos fechados. mãos cerradas. unhas escorregando pelas costas. mordidas. música. dança suave. corpos suados, cabelos desarrumados. amor. sem pudor. sem razão. toque delicado. transa. devagar. gostosa. cochichos ao pé do ouvido. vozes roucas. sons desconhecidos. gemidos. adrenalina. boca seca. respiração ofegante. sangue fervendo. sintonia perfeita de pessoas perfeitamente desconhecidas. química. coisa de pele. sem nome. sem telefone. sem hora. inconseqüente. inconscientemente consciente. conscientemente inconsciente. emoção sem rotina. sem posse. sem título. só emoção. macia. molhada. escorregadia. transbordada. emoção que não cabe em palavras. que não tem descrição.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

pausa.

eu tô sem inspiração. cabeça lotada de pensamentos desordenados que mais confundem que esclarecem. pareço mais perdida do que nunca. mais que o cego e a barata. inventei um jeito novo de dizer que estou bem. as pessoas acreditam e eu me sinto mais aliviada por mentir melhor. mentiras são nojentas. mas, me permito mentir sinceramente. acho que minhas aflições e angústias se foram no último banho gelado. agora tô assim: sem dor nem medo. sem nada. nada de bom, nada de ruim. fiquei pensando na última noite de insônia o que acontecera com minha vontade quase insuportável de escrever. acho que deixei na prateleira do supermercado semana passada. tô sem inspiração. de verdade. mas, eu volto. logo estou de volta. ainda lembro o corredor que esqueci ela. o local exato, eu não sei. mas, eu a encontro. por enquanto, deixo minha ausência fazendo companhia pra vocês. é só uma pausa, prometo.