quarta-feira, 6 de agosto de 2008

enfim.

voltei, enfim. e como quem volta, trago saudade. e como quem chega, trago sorrisos, abraços. sentimentos puros que revelam que nem tudo dentro de mim se perdeu com os ventos que baguçaram minha casa. trouxe presentes para quem me fez falta. na mala, pedacinhos de uma felicidade inventada e efêmera. calcei meus tênis e pude sentir farelos de areia dentro deles. caminhei alguns metros e eles começaram a machucar meus pés, como uma lembrança que martela minha cabeça e não deixa o conforto sair do peito. porém, os problemas que só existem para mim e pra mais ninguém não me deixam seguir. sento-me num banco perto de árvores bem verdes. sinto, mais uma vez, os ventos balaçarem meu cabelo. corro. deixei as janelas abertas e não quero que ele desarrume meu canto de novo. da outra vez foi terrível. remexeu em feridas e fotos que eu queria esquecer. pra arrumar foi um inferno. senti-me queimando o ódio por dentro. foi um horror. não quero isso tudo de novo. acho que não aguentaria. a ventania vai me levando para casa. a areia no meu pé me impede de ir mais rápido. quando chego em casa percebo que tudo está perfeitamente normal. tiro os tênis e viro-os de cabeça para baixo. nenhum grão sequer sai. coloco-os de novo e lá estão aqueles malditos mais uma vez a me encomodar. reclamo sozinha como quem procura o que se chatear. vou até o quarto para, quem sabe, desarrumar minha mala. odeio essa coisa de desfazer. gosto de fazer. desfazer, não. quando desfaço alguma coisa sempre esqueço o porquê me levou a fazer. e esquecer o processo não me leva a um fim. e eu odeio coisas mal-acabadas. quando entrei no cômodo escuro, percebi que a sombra da minha mala sob a cama não estava mais lá. corri para acender a luz. pasmei. não estava mais lá. eu deveria ter ficado feliz, já que me poupou um serviço muito do chato. mas, fiquei furiosa. terá sido o vento? ao invés de bagunçar, arrumou minhas coisas? lazarento do vento. era eu quem tinha de fazer isso. EU, ouviu?! era eu que tinha de sentar na cama da frente e lamentar minha mala ainda estar ali, intacta. eu deveria acender um cigarro e pensar quanto tempo poderia viver com a mala assim, pronta. vento desgraçado. arrumou minhas coisas e nem me deixou sentir o desgosto de ver tudo amassado. desfez minha mala e não me deixou afundar na nostalgia da volta. porque sou assim: nostálgica. gosto de imaginar a reação em cadeia ao pensar em algo que poderia ter feito diferente. agora que o vento resolveu me perturbar, não poderei sentir o cheiro da felicidade que eu trouxe em algumas roupas. nunca mais deixo as janelas abertas. e vou ter que arrumar outra viagem para ir. pronto, hora de arrumar a mala. estou de partida, enfim.

2 comentários:

Jaqueline Lima disse...

Enfim você voltou pra um lugar que agora é seu. ou talvez não seja. o mundo é tão grande pra permanecer num ambiente só!
bjo menina!
Texto maravilhoso!

mari lou disse...

mas qem desfaz tb faz.

nunca nada volta a ser igual ao q era antes... dpois d desfeito, sempre volta algo diferente. o tempo passa e tudo vai se acomodando d maneira diferente no tempo. desfazer, então, torna-se um fazer. e a vida, um quefazer -
sempre, mesmo parecendo q estamos andando em círculos. pq a cada vez q a terra gira ao redor do sol, a rota é a mesma mas o caminho não é... alguma poeirinha cósmica, um lixinho estelar, um estrela q explodiu, sempre aconteceu algo diferente, a própria terra, nela mesma, se modifica. os moviemntos internos e externos, então, transformam o igual no a ser trilhado e descoberto.


bjos, e como é bom a volta! sempre uma nova viagem...


té!